O Brasil enfrenta uma nova preocupação em relação à dengue, com o retorno do sorotipo 3 (DENV-3), que não circulava no país desde 2008. Especialistas alertam que o cenário é favorável à disseminação do vírus, dada a falta de imunidade da população mais jovem, o que aumenta o risco de infecções e casos graves.
De acordo com dados recentes do Ministério da Saúde, o país já registrou mais de 101 mil casos prováveis de dengue em 2025, com 15 mortes confirmadas. O número é inferior ao mesmo período de 2024, mas o histórico recente de mais de 6,6 milhões de casos no ano passado acende um alerta.
Impacto do Sorotipo 3
O DENV-3 encontra uma população desprotegida, aumentando as chances de novas infecções. Segundo a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, além do risco para quem nunca teve contato com esse sorotipo, o vírus também pode intensificar complicações em uma segunda infecção.
“Infecções subsequentes podem ser mais graves, e o DENV-3 está associado a casos mais severos da doença”.
Estratégias de Combate e Prevenção
A prevenção da dengue passa pelo combate ao mosquito Aedes aegypti, eliminando criadouros e adotando tecnologias como a bactéria Wolbachia, que reduz a transmissão do vírus. Além disso, ações como pulverização, campanhas educativas e estruturação dos serviços de saúde são fundamentais para minimizar o impacto da doença.
Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, destaca a importância de capacitar profissionais de saúde para identificar e tratar rapidamente os casos. “Reconhecer os sinais de alerta e oferecer atendimento rápido pode salvar vidas”, explica.
Vacinação: Avanços e Desafios
Embora a vacina Qdenga tenha sido incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) para adolescentes de 10 a 14 anos, a baixa cobertura vacinal ainda é um desafio. Até janeiro de 2025, menos de 5% da população brasileira foi imunizada.
Enquanto isso, o Instituto Butantan avança na produção de uma vacina de dose única contra os quatro sorotipos de dengue, com potencial para aumentar significativamente a imunização no futuro.
Sinais de Alerta
É essencial que a população fique atenta aos sintomas da dengue, como febre alta, dores no corpo, náuseas e manchas vermelhas. Sinais de agravamento, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e hemorragias, exigem atendimento médico imediato.
O combate à dengue é um esforço coletivo, envolvendo sociedade, governo e profissionais de saúde. Sem ações integradas, o país corre o risco de enfrentar novos recordes de casos e óbitos, especialmente com a ameaça do DENV-3.
Fonte: G1 SP
Redação
